“Sempre tem alguém que se inspira em nós, por isso tento compartilhar o máximo que posso das minhas experiências, tratamentos e descobertas. Meu lema é: Acordar é um milagre e um minuto de cada vez”. Débora Calana.
Mulheres Eternas: Débora Calana
Débora é Marianense, tem 41 anos, é casada, mãe de uma jovem de 23 anos, e atualmente, reside em Juiz de Fora. Em 19 de abril de 2012, ao fazer uma cirurgia de vesícula por vídeo, Débora foi vítima de um erro médico gravíssimo, em que perfuraram seu intestino e a mandaram para casa sem ver o que havia acontecido.
Após 72 horas, tendo, inclusive, chegado ao ponto de vomitar fezes, ela foi levada de volta para o hospital praticamente morta, e só então, os médicos viram que havia fezes em seu abdômen inteiro até o diafragma, o que gerou uma septicemia, infecção generalizada e peritonite.
Fizeram uma cirurgia às pressas na tentativa de salvar a vida de Débora, mas disseram que isso só seria possível por meio de um milagre.
Em outubro do mesmo ano, ela foi submetida a outra cirurgia de abdômen aberto para verificar a existência de aderências que justificassem as dores que sentia, mas não havia.
As dores eram resultantes de outro erro cometido na segunda cirurgia, feita às pressas, pois ao colocarem um dreno na virilha esquerda, lesionaram os nervos periféricos da perna.
De 2012 a novembro de 2019, a submeteram a um tratamento para dor neuropática crônica. Em 04 de dezembro de 2019, foi feito um implante de neuroestimulador medular para tentar amenizar as dores.
Porém, ao fazer o implante, Débora pegou infecção hospitalar, e entre dezembro de 2019 a abril de 2020, passou por cinco cirurgias, tentando, sem sucesso, salvar o neuroestimulador.
A bactéria era tão forte que necrosou sua pele e foi preciso fazer enxerto de pele nos locais que foram abertos, cinco vezes!
A busca por uma melhor qualidade de vida continuou, e em 09/05/2022, finalmente, Débora recebeu um diagnóstico correto e descobriu que a lesão dos nervos causou uma síndrome neurológica raríssima chamada Stiff Person Syndrome (Síndrome da Pessoa Rígida – mesma síndrome da Cantora Celine Dion) que acomete 1 a cada 1 milhão de pessoas no mundo.
O texto a seguir foi escrito pela própria Débora, e revela uma mulher forte, resiliente e grata, apesar de todas as dores e desafios. Uma mulher de fé, que se preocupa com o próximo, que busca um mundo mais inclusivo e que inspira outras pessoas a não desistirem diante dos desafios.
“Essa síndrome causa rigidez, espasmos involuntários dolorosos e vai comprometendo a parte motora. Desde que descobri a Síndrome, já passei por tratamentos como imunoterapia, plasmaférese, antibioticoterapia, mais de 30 comprimidos diferentes por dia e, agora, após ganhar judicialmente, farei um tratamento chamado imunoglobulina, no qual ficarei internada todos os meses por cinco dias para fazer a infusão.
Durante esses quase 12 anos de luta, fui me descobrindo uma pessoa forte e resiliente. No intuito de ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo problema que eu e mostrar que a vida pode ser boa mesmo com turbulências, dores, incertezas, passei a compartilhar minha história no Instagram @deboracalana.
Aprendi que Deus capacita seus melhores soldados para as maiores batalhas.
Sou umas das precursoras do Colar Girassol usado para identificar pessoas com síndromes/doenças/transtornos ocultos. Luto diariamente por um mundo onde haja inclusão, na prática, e não só da boca para fora.
Minha luta ainda é grande e longa, porém, sou grata por tudo que já passei, pois, me fortalece, me torna uma pessoa melhor todos os dias, e me fez olhar o próximo com mais empatia e amor.
Tenho meus momentos de revolta, de desânimo, de questionamentos, pois sou humana, mas passam logo e vejo que tudo que passei, e estou passando, serve para inspirar outras pessoas; fazem parte da minha evolução!”
Que Deus abençoe grandemente vc, estamos juntas na luta pela inclusão, que seja linda verdadeiramente e não apenas no papel.