De repente, 36...
Quem nunca fez um balanço no, ou próximo ao, aniversário? Confesso que, ao se aproximar dos “enta” (quarenta, cinquenta, sessenta…) o peso e a autocobrança só aumentam. Podendo chegar a nos sufocar pelo caminho.
Aqui, mais uma vez, destaco a importância do autoconhecimento, de valores sólidos, de ter clareza dos seus inegociáveis. A vida não se tornará magicamente mais leve por isso, mas a alma sim. E no fim, isso é tudo que importa: paz de espírito e autorrealização.
Em 2022, resolvi seguir apenas o meu “timetable”, cansei de viver de achismos e idealismos alheios, quem sabe o meu melhor momento para comprar algo, consolidar uma família, seguir uma determinada carreira… sou eu.
Recomendo assumir o controle da sua vida e agenda, é revigorante! Nunca imaginei que dizer não para algumas pessoas, lugares, crenças, costumes… me traria tanta felicidade e crescimento.
Hoje, 19/04/2023, começo o primeiro dia do meu próximo ciclo, rumo aos 37, yeahhhh! Mal posso esperar para descobrir o que me aguarda nesta nova fase. Até lá, quero compartilhar alguns insights e aprendizados que trago na bagagem.
A minha primeira pergunta a cada manhã é: o que precisa ser desenvolvido? Percebi que me punia e cobrava excessivamente, por coisas que eu não sabia fazer melhor naquele momento, resultando em dores maiores que o necessário.
A dor é real, mas o sofrimento é opcional! Ao entendermos que fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos naquele momento, encurtamos a vida útil do sofrimento. E, ao desenvolvermos as habilidades identificadas como necessárias, evitamos que a mesma dor volte a nos dilacerar a alma.
O Poder dos 3S
Suportar, superar, separar… ah se nos ensinassem o poder destas três palavras ainda quando crianças. Quantas cicatrizes e terapias seriam poupadas!
A ausência do autoconhecimento e da clareza de papeis, nos faz vivenciar esta tríade de uma forma destrutiva, autossabotadora e, eventualmente, letal. Vejamos:
Suportar, quando não temos clareza dos nossos papeis, assume uma conotação de dor, de aguentar, de aturar a qualquer custo, quer seja por dependência física ou emocional.
Superar se torna um peso, um fardo a ser carregado, afinal, é nossa obrigação como filhos, parceiros, funcionários… o que está bem longe de ser a realidade. Ninguém é obrigado a suportar e superar o ego alheio, acreditando que esta é a única forma de sobreviver ao sistema, ou mesmo, de algum dia ser aceito/amado.
Por fim, por não entendermos que o amor próprio vem primeiro, acabamos por separarmos de quem somos, dos nossos sonhos, potenciais e propósitos. Nos anulamos para atender as demandas dos sistemas aos quais queremos, ou precisamos, pertencer.
Lindas mentiras que nos ensinaram, para que assim, pudessem nos controlar ao longo da vida. Para não darmos “trabalho” e seguirmos sendo coadjuvantes nas mais loucas histórias de terceiros.
A boa notícia é que há esperança! O autoconhecimento é extremamente libertador, abre os nossos olhos para o ciclo correto da vida. Neste novo cenário, temos um novo significado para os 3S, onde:
Suportar significa apoiar, cocriar, incentivar, ajudar a todos que estão ao nosso redor. Significa associar-se a grupos e projetos que comungam do mesmo propósito e assim deixar nossa marca no mundo.
Superar significa se perdoar pelo que permitimos nos acontecer no passado, sem perder a leveza da alma. É superar os desafios e limitações, é expandir seus horizontes e se tornar o melhor que se pode ser.
Separar de pessoas, coisas e lugares que nos sufocam passa a ser uma necessidade, um processo de libertação. Paramos de arrumar desculpas para tolerar o desrespeito, a maldade alheia, independentemente do quanto amamos e queremos bem o ser que nos fere.
É entender que cada um é responsável por seu crescimento, no seu tempo e que está tudo bem se precisamos nos afastar de alguém para cuidar da nossa saúde, futuro e integridade.
Com o tempo, entendemos que não é o tempo que nos torna mais sábios. São as nossas interações e experiências ao longo do tempo que nos fazem crescer, desenvolver ou mesmo, simplesmente, apodrecer…
A vida fica mais leve quando entendemos que cada um dá o que tem. Que não precisamos carregar o lixo que o outro deixou em nós. Que é possível amar, querer bem e, ao mesmo tempo, não gostar mais de estar perto de alguém, porque nos respeitamos mais.
Aos poucos, descobri o privilégio que é fazer parte da vida de alguém. Aprendi que precisamos merecer e cuidar de cada vida e relacionamento que encontramos pelo caminho, lembrando que tudo precisa ser recíproco, leve, de verdade, com verdade…
Tenha bem claro os seus inegociáveis, o seu alvo, a sua rota e os companheiros de jornada. Não quer dizer que seremos poupados de todas as dores e cicatrizes, mas teremos orgulho da história, superação e aprendizados oriundos de cada uma delas. Feliz vida!