A Lição da Aboboreira
Quanto mais estudo a Bíblia, mais encontro textos que me ensinam algo novo e guiam as minhas ações diárias. Desta vez, resolvi me aprofundar na história de Jonas e o povo de Nínive.
Não é preciso muito para descobrir que o propósito maior da humanidade é o amor, é cuidar e servir uns aos outros. O problema é que distorceram e manipularam o significado de tais ações ao longo da história.
Como humana, compreendo a decisão inicial de Jonas, não é fácil fazer o que nos é pedido quando parece impossível superar os obstáculos aparentes, ou ainda, quando conhecemos o histórico dos envolvidos.
Cada um dá o que tem e recebe o que aceita, qualquer ação fora desta lógica deixará marcas negativas, desequilíbrio e injustiça. Deus sabia que o povo estava errando por não conhecer as “regras do jogo”, Jonas também.
Deus escolheu dar mais uma chance, dar a oportunidade do recomeço. Por saber que esta era uma possibilidade e prezar mais pela própria vida, Jonas escolheu desobedecer. Da tempestade, do grande peixe e da salvação de mais de 120 mil almas, todos sabemos. O que poucos falam, é sobre o que vem depois: o verme!
Muitas vezes, atrasamos tanto o nosso processo, pagamos tão caro por nosso desalinhamento que começamos a questionar o gramado verde do vizinho, ao invés de sermos gratos e apreciar o fruto da nossa jornada pessoal.
Por estar desapontado e com raiva de seu processo, já que, segundo ele, só fugiu por saber que a ida a Nínive seria uma perda de tempo, Jonas pede a morte após ver que Deus perdoou aquele povo.
Ao invés de dar o que Jonas havia aceitado, Deus usa a oportunidade para ensiná-lo uma nova lição: “E o Senhor preparou uma aboboreira, e a fez nascer por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre sua cabeça… Mas Deus preparou um verme quando a manhã subiu no dia seguinte, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou… E disse o Senhor: Tu tiveste pena da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que nasceu em uma noite, e em uma noite pereceu; e não haveria eu de poupar Nínive…?”
Devemos ser tardios em irar e misericordiosos com os que forem capazes de reconhecer suas falhas e mudar. Importante destacar que a mudança precisa ser genuína e duradoura, nada de palavras vazias ou teatros momentâneos. Nada de ser manipulado ou manipular pessoas para a obtenção de benefícios temporários.
Jonas é um livro pequeno, 4 capítulos e 48 versículos com valiosos ensinamentos que trabalham muitas áreas de nossas vidas; recomendo a leitura completa. Deixo abaixo, os pontos que mais falaram ao meu coração:
Suspender o julgamento é o primeiro passo para uma vida grata e próspera. Isso não significa aceitar tudo e todos de qualquer jeito, respeito e limites são cruciais. Saber o momento de partir também.
Humildade move montanhas. Respeitar hierarquias, aceitar que por mais avançados que acreditemos estar, não somos donos da razão e não controlamos todas as variáveis. O importante é oferecermos o melhor que pudermos, a todos que aceitarem.
Plantio e colheita é uma lei universal! Colhemos o que plantamos, sempre. Por mais que tenhamos falhado no passado, é possível acertar no presente e impactar a colheita futura.
Processos são individuais e têm propósito! Quanto mais rápido entendermos esta regra e formos movidos pela fé, sem nos distrairmos com a realidade alheia, mais rápido passamos para a próxima fase.
O passado é lugar de referência, não de permanência! Se tem a certeza de que fez o seu melhor, não julgue, não critique, não queira vingança. Sinta-se orgulhoso por seu progresso, aprenda as lições necessárias, perdoe, se perdoe e prossiga.
Ninguém nasceu perfeito. Suspeito que seremos imperfeitos até a morte, e está tudo bem, esta é a graça da jornada: aprender, reaprender, cair, levantar, partilhar, evoluir…
O que tememos nos paralisa, o que não deixamos ir também. O que você precisa “matar” para viver?