“Quem imaginaria que um dia eu pudesse abrir um livro e encontrar uma história falando sobre a minha pessoa… Neste momento, tem história sendo escrita com a minha história!”
Mulheres Eternas: Selma Abreu
Selma Silva Rosa Abreu, 37 anos, casada, mãe de um filho e dona de uma história de superação e inspiração que mais parece novela! Uma mulher que veio ao mundo com vontade de ser diferente Reconhecida por sua determinação e maneira positiva de viver intensamente.
Seus pais, José Rosa (falecido há 15 anos) e Maria Nilza (uma mulher cheia de vida e alegria), são seus exemplos de vida. Nascidos e crescidos no sertão da Bahia, Selma tem duas irmãs e um irmão, que, juntos, seguem a tradição de seus antepassados, se dedicando à agricultura familiar.
Selma sempre gostou de estudar. Por acreditar que através da educação poderia fazer a diferença na vida de outras pessoas, aos onze anos de idade, para poder continuar seus estudos, deixou a casa de seus pais e passou a morar com sua avó paterna, Dona Calu.
Para se manter e ajudar a cuidar do pai com problemas de saúde, Selma conciliava os estudos com o trabalho de empregada doméstica. Vencer o cansaço era algo necessário de modo a se capacitar, sem abandonar a família.
A morte de sua avó, em 2005, agrava as dificuldades de Selma para manter a sua educação. Ainda assim, ela persiste e em 2006, se forma no magistério, recebendo o seu diploma de professora.
Contudo, a formação não era o bastante para trabalhar na educação e Selma continua a trabalhar com serviços gerais, agora como faxineira de uma escola local.
Em 2007, Selma casou-se com Sérgio, nas palavras da mesma, “uma benção de Deus” em meio ao cenário de tantas dores e anseios enfrentados; especialmente com o agravamento da doença do pai e o diagnóstico de câncer, em 2008.
Já estava com sua saúde mental muito comprometida. Selma seguia a apoiar o pai, juntamente com sua mãe, enfrentando as filas de espera do SUS, dormindo no chão dos hospitais na capital. Infelizmente, o pai não conseguiu a remissão, falecendo em janeiro de 2009.
Com a ajuda da família e buscando forças em Deus, Selma supera a depressão e segue apoiando à sua comunidade, muitas vezes em segredo. Por dificuldade financeira, a família muda para Minas Gerais, atuando por um tempo como ‘boia-fria’, em uma fazenda de café.
Apesar do esforço, as dificuldades aumentam e a família acaba retornando à Bahia. Faltava saúde, faltava dinheiro, mas sobrava vontade de fazer o bem e apoiar a sua comunidade. Selma não reclamava por ter uma vida difícil, se confortava ao poder oferecer uma mão amiga e apoiar a todos como podia.
"Deus sempre foi a minha maior força. Deus sendo presente em tudo!"
Quando sentia suas forças se acabando, clamava a Deus, sem jamais se esquecer de tudo que Ele sempre foi em sua vida. Os anos se passaram e, em 2011, em meio a um dos tratamentos de saúde, Selma recebe a notícia da sua gravidez.
Mesmo com todas as dificuldade de uma gravidez de risco, ela conseguiu chegar ao final e ter o seu filho, José Lucas. Um guerreiro que, juntamente com a sua mãe, lutou bravamente pela vida.
Diagnosticada com uma doença benigna, mas sem cura, metaplasia intestinal completa, e com um recém nascido em casa, Selma pausa os trabalhos voluntários para cuidar da saúde e do filho, até 2016, quando começa a trabalhar de voluntária no ônibus escolar da comunidade.
Em 2017, ela consegue uma oportunidade para trabalhar na educação. Iniciando como auxiliar em uma creche, até assumir uma turma com alunos da educação infantil. Em 2018, após trabalhar com uma criança com necessidades especiais, Selma passa a ver a educação inclusiva como algo significativo em sua vida. Apesar dos avanços, a pandemia de 2020 resultou na demissão de Selma e no início de uma nova fase de incertezas, dores e dificuldades.
Em 2021, voltou a trabalhar na agricultura familiar e se matriculou na faculdade de pedagogia. Percebendo a realidade dos alunos em sua comunidade rural, instalou uma rede wifi que as crianças pudessem seguir seus estudos.
Os encontros, em meio a pandemia, eram restritos às crianças da vizinhança, na sala da mãe de Selma. A ação foi ganhando força, e assim nasceu o projeto Biblioteca viajante, levando a esperança através dos livros .
Uma publicação nas redes sociais, realizada por seu professor, Dr. Aury Cardoso, contribuiu para que a ação se tornasse conhecida pelo Brasil. A história de Selma chegou à televisão e conquistou um prêmio que possibilitou a realização de seu grande sonho: construir uma Biblioteca em sua comunidade.
Ainda há muito o que conquistar, a visibilidade ajudou a começar, mas é preciso apoio contínuo para finalizar e prosseguir. A história da professora Selma Abreu é mais um testemunho de vida de mulheres eternas, mulheres que não desistiram de acreditar na vida, no empoderamento feminino e na realização de seus sonhos.
Para somar (ainda mais) aos presentes recebidos, ela conseguiu ser curada de uma doença que não tinha cura! Remissão total da metaplasia intestinal completa. Segundo ela, um fruto da fé, um milagre que só Deus tem a resposta!
“A minha caminhada de fé em Deus fez com que, mesmo em meios as dificuldades, eu seguisse firme no propósito de fazer a diferença na vida das pessoas. Sempre pelo amor à Deus que nos renova cada dia e pela infinita misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Não desista da sua caminhada! Só não esqueça de convidar Deus pra tomar a frente do seu caminho.” Selma Abreu
Linda história de fé e superação! Gratidão por compartilhar. Tenho certeza que servirá de inspiração para muitas mulheres!
Belíssima história de vida, como mãe atípica me emocionei pela luta da inclusão.