Diga Adeus Síndrome de Deus!
Todos nós já ouvimos a metáfora da colcha de retalhos que é a vida… que é só mais uma peça do quebra-cabeça… entre outros “consolos” ensaiados para quando algo não ocorre da forma como esperávamos.
Sejamos honestos, eu não apenas já pensei assim, como também já reproduzi tais afirmações como solução para as dores presentes. Felizmente, alguns de nós amaduremos com a humildade para admitir que erramos em muitas de nossas concepções.
Pois vejamos: dizer que a vida é uma colcha de retalhos no leito de morte, faz todo sentido. Naquele momento, estamos analisando tudo que ocorreu, as conexões feitas, os problemas superados, a experiência adquirida. Considerando que não há mais tempo para recomeços, precisamos nos consolar, partir com a certeza de que fizemos tudo o que podíamos.
Dizer que a vida é uma colcha de retalhos aos vinte e poucos anos, ou mesmo em qualquer idade em que estejamos saudáveis e atuantes, com a esperança de que um dia tudo fará sentido, é um atentado contra o próprio futuro, uma fuga da responsabilidade e do planejamento. Um disfarce barato para a nossa mediocridade.
Se for para utilizar uma metáfora para justificar o que quer que seja, usemos a do quebra-cabeça. Um quebra-cabeça é construído a partir do todo, você só inicia a montagem após visualizar a obra final, o seu destino. O mesmo deveria ser feito com a vida.
Quando saímos por aí aceitando qualquer pedaço/peça, estamos vivendo a síndrome de Deus: “eu posso tudo, eu devo cuidar de tudo, há um propósito para este sofrimento, estou fadado a este destino, sei mais e por isso preciso fazer mais…” e a lista de razões/desculpas continua.
O problema é que esta filosofia do “deixa a vida me levar porque algum dia fará sentido” não destrói apenas a vida do praticante. Impactamos o desenvolvimento das pessoas a nossa volta, perpetuamos ensinamentos distorcidos e perigosos. Destruímos sonhos, sonhadores, possibilidades e projetos que poderiam revolucionar o mundo, transformar vidas…
Se for para continuar vivendo a vida como quem constrói uma colcha de retalhos, “leve e deixe” pedaços que se enquadrem na sua proposta de obra prima. Para você que está se perguntando o que devo ter bebido para escrever isto, deixe-me explicar melhor.
Quando sei o que estou construindo, escolho melhor os materiais, os ambientes, como gastar meu tempo… estabeleço prioridades, padrão de qualidade, prazos e os meus itens inegociáveis; os quais são fundamentais para o sucesso de minha empreitada.
Se for para construir uma colcha, primeiramente se livre das síndromes que te cegam, que te fazem permitir o desrespeito, que te fazem aceitar a tudo e a todos, custe o que custar, porque precisamos ser compreensíveis e seguir o exemplo de Deus.
Você não é responsável pela salvação do mundo, este papel já está ocupado, não seja um impostor! Você é responsável pela criação do seu mundo, do seu legado, do seu propósito.
A vida é simples. O difícil é justamente ser simples e entender que a dor é real, as dificuldades fazem parte do processo, poderemos perder algumas peças ou não encontrar o seu lugar na ordem correta e, está tudo bem, faz parte do jogo.
A regra a ser quebrada é acreditar que o sofrimento é obrigatório, que precisamos aceitar qualquer coisa ou qualquer tratamento porque de alguma forma é tudo o que merecemos.
Na dúvida, se cure desta síndrome de Deus, destrua os pedaços, você não é obrigado a continuar um projeto que não faz mais sentido. Se conheça, desenhe seu futuro e comece a coletar as pedras que criarão o mais perfeito e seguro alicerce para a construção de uma vida extraordinária!
E, quando chegar a hora, você apreciará sua obra prima com orgulho e a certeza de ter cumprido a tarefa com maestria; servindo de inspiração para muitos que virão…