Gente que Inspira a Gente
Arrumando os arquivos, encontrei esta entrevista concedida ao Jornal Social Luiz Parreiras (Itaúna/MG). Considerando a atemporalidade das perguntas, compartilho para que possa inspirar mais pessoas por aí! Desejo que seja inspiração em sua vida também…
1. Favor fazer um breve relato de sua trajetória de vida, profissional e familiar (cidade onde nasceu, irmãos, pais, formação educacional, etc)
Nascida em Itaúna/MG, sou a filha mais velha de Antonio de Jesus Pereira (Pedreiro Tony de Jesus, como gosta de ser chamado) e de Vilma Liboreiro da Silva Pereira. Apaixonada por conhecimento, conclui minha primeira graduação em Pedagogia com enfoque em Educação Inclusiva e pesquisa de campo de dois anos nos Estados Unidos, país onde retomei uma das minhas paixões: negócios. Fiz algumas especializações em gestão nos Estados Unidos e finalizei com um MBA em Gestão Empresarial no Brasil pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Entre uma e outra leitura descobri o Coaching e resolvi aprofundar os estudos na área, me tornando Master Coach & Trainer, com um MBA em Coaching, Treinamento & Desenvolvimento Humano pelo IBC e Universidade de Ohio (EUA).
2. Qual foi o seu primeiro emprego?
O meu primeiro emprego com salário integral foi como doméstica aos 12 anos. Mas comecei a trabalhar aos 8 anos como vendedora ambulante e ensinando dever aos meus colegas de sala e vizinhos mais novos. Minha mãe fazia travesseiros e almofadas para uma empresa local, a cada dez que ajudávamos a finalizar ganhávamos um para vender. Nos fins de semana saía com meus travesseiros debaixo dos braços oferecendo de porta em porta nos bairros vizinhos. Depois comecei a vender batons, cremes, perfumes, até ficar exclusivamente como doméstica e ajudando meu pai, que é pedreiro, como servente nos fins de semana. Passando por diversas empresas e setores no Brasil e EUA, até chegar nas minhas empresas e projetos atuais.
3. Quais os desafios que você enfrenta no dia a dia de sua profissão?
O principal desafio que tenho hoje é o preconceito. Primeiramente pela banalização do termo Coach que vem sendo utilizado de forma errônea por muitos que se dizem profissionais da área sem o devido preparo; pela “pouca” idade (completo 34 anos agora em abril de 2021), o comportamento aventureiro e imaturo de alguns acaba criando estigmas para toda uma geração e; provavelmente o motivo mais repugnante e inaceitável, pela cor e origem humilde. É lamentável como ainda há pessoas que julgam pela aparência e sobrenome, ignorando as habilidades profissionais e pessoais.
4. O que te faz sentir realizada profissionalmente?
Revisitar meu passado e perceber que quebrei todos os paradigmas e previsões para o meu futuro é a minha maior realização. Como mentora e consultora, receber o Feedback de meus clientes e participar de sua evolução me incentiva a continuar evoluindo para ajudar a mais pessoas pelo mundo.
5. Tem algum hobby? E por que pratica?
Cantar, compor, ler, viajar e montar quebra-cabeças. Para mim são atividades libertadoras, que me revigoram, estimulam o meu lado criativo e empreendedor. Passo dias com um quebra-cabeças sem me cansar, minhas melhores ideias e projetos surgem cantando no chuveiro ou tentando encaixar aquela peça que parece não pertencer aquele grupo. A sensação de autorrealização e sucesso tomam conta de mim durante tais atividades.
6. O que você me fala sobre a FÉ
Fé para mim é a certeza de que não estamos sós, é a esperança de dias melhores, da nossa evolução para versões melhores de nós mesmos. É, acima de tudo, esperança no acordar da consciência humana para o que realmente importa, como: a família, a bondade, a caridade, o amor ao próximo, a prática da justiça e igualdade de oportunidades.
7. Tem algum homem ou mulher como modelo de vida?
Meus pais e padrinhos rotários sempre serão meus modelos de vida. Me ensinaram a persistir e acima de tudo a trabalhar pelo que desejo e acredito. Meus “pais americanos” se tornaram meus melhores amigos e conselheiros, me ensinando a ignorar o preconceito do mundo e mostrar o meu valor. Me ensinaram a jamais duvidar do meu valor e talentos, tampouco permitir que cor ou dinheiro definam quem sou e o que sou capaz de fazer.
8. O que você acha desse momento que a humanidade está passando diante da pandemia?
“No veneno está o antídoto”. Esta é uma famosa frase do psiquiatra norte-americano, Milton Erickson a qual acredito representar bem este momento. Chegamos ao ápice do egoísmo e descaso com o nosso mundo, nossas comunidades e famílias que, honestamente, temo imaginar aonde iríamos parar. Vejo nesta tragédia e sofrimento global, a oportunidade de revisitarmos nossos valores, reavaliar nossas condutas e evoluir, sendo mais humanos, combatendo a desigualdade e injustiça, dizendo não a corrupção e ao oportunismo. Espero que nossa evolução seja genuína e duradoura.
9. O que você falaria para quem está iniciando na vida profissional?
Seja qual for a sua área de atuação, decida ser melhor a cada amanhecer. Perceba o seu valor e deixe sua marca no mundo, valorize as conexões, observe os detalhes, identifique oportunidades, se faça visível e presente. Escolha bloquear pessoas negativas e comentários maldosos que nada agregam e até sugam sua energia, acredite e se aproxime de pessoas que acreditam em você e nas maravilhas que é capaz de fazer. Como rotariana, tem uma frase que me move “Dar de si antes de pensar em si”; dê o seu melhor a cada dia, da tarefa mais simples a mais complexa que o sucesso se torna uma consequência natural de suas ações.
10. Se lhe fosse pedido a você um conselho sobre o viver, o que você diria?
Ignore as aparências e fuja do fluxo. No mundo atual é muito fácil se perder, viver uma vida que não é a sua, sufocar os seus talentos e potencial. A vida é tão boa e simples que, infelizmente, deixamos o essencial passar despercebido até ser tarde demais. Possua o que for necessário para a sua qualidade de vida (que seja uma casa, carro, roupas…) mas jamais permita que algo te possua, te torne perverso, arrogante e egoísta. Coisas passam, se perdem, são roubadas; valores são eternos, tocam vidas e dão significado a nossa existência.
11. Na sua opinião o que precisa melhorar em nossas relações sociais?
Tudo, especialmente a verdade e simplicidade. Chegamos no limite do ego e superficialidade, nunca antes fomos tão rápidos em atirar pedras e tão tardios em estender a mão. Críticas e julgamentos tomam conta de nosso dia a dia, todos parecem ser donos da verdade e terem a receita perfeita para tudo, menos para aplicar na própria vida, para tornar o coletivo melhor, nosso egoísmo tem predominado e tirado do outro a oportunidade de pertencer, de interagir e crescer.
12. O que você acha das redes sociais e sua aplicação?
Tendo amigos espalhados pelo mundo, as redes sociais são uma excelente forma de manter contato e encurtar as distâncias. Como empresária e tendo desenvolvido minha própria rede social para Rotarianos, acredito ser uma ferramenta extraordinária para conectar pessoas, viabilizar projetos e desenvolver o potencial humano. Mas como tudo na vida, o excesso, a manipulação e maldade alheia podem colaborar para a destruição de vidas e desvio de finalidade; precisamos usar com moderação e cautela.
13. O que você acha dessa nova geração de crianças que saíram dos quintais e foi para as redes sociais?
Acredito que estão perdendo uma fase preciosa, se privando de desenvolver talentos e habilidades pessoais/sociais e, acima de tudo, colocando seus futuros em risco. Muitos adultos carecem de personalidade e opinião própria, imagina uma criança que pela pouca vivência e excesso de inocência se torna alvo fácil para a manipulação e exploração, se expondo a ideias, conceitos, práticas e valores que na maioria das vezes nada agregam e até prejudicam muitas vidas.
14. O que é a vida para você?
A vida para mim é um presente extraordinário que só tem sentido quando compartilhado, uma viagem da qual quero aproveitar cada chegada, cada encontro e descoberta. Oscar Wilde disse uma vez que “Viver é a coisa mais rara da vida, a maioria das pessoas apenas existem”. Após refletir sobre isto, comecei a apreciar mais a vida, a estar presente e aproveitar cada instante, cada experiência para ser melhor, para fazer o bem a todos que passarem pelo meu caminho, deixando a minha marca no mundo.
15. Dê a sua mensagem final aos nossos leitores
Você é um ser único e extraordinário, tenha isso sempre em mente e descubra o que te move, seus talentos, suas paixões, trabalhe para aprimorar-se a cada dia. Somos humanos, estar feliz o tempo todo é improvável; contudo, ser uma pessoa feliz apesar das circunstâncias é possível e maravilhoso. Se ame mais, descubra o seu propósito e seja luz neste mundo tão carente!